Em tempos de aplicativos que compartilham imagens, o que fazer
quando a partir da simples foto de seus pés, a mulher se depara com uma resposta
totalmente fora do contexto, recebendo a proposta de um candidato a escravo,
que deseja ser pisado e humilhado e tantas coisas mais?
A começar é preciso ter a ciência de que esse é o
comportamento típico de homens adeptos da fantasia conhecida como Feet Slave (escravo
de pés).
:::::::::::::::::::::::::::::::::: texto by doug dink
Apesar de ser uma fantasia muito freqüente, muitos homens
não conseguem denominar esse desejo incontrolável que sentem de se submeterem
aos pés de suas parceiras.
Tecnicamente é como se fosse um update no fetiche da
podolatria. Os adeptos sem sombra de dúvidas se reconhecem como podólatras.
Eles querem beijar, lamber e encher de carinho os pés que tanto o seduzem, mas
com a diferença de que eles se sentem bem fazendo tudo isso na condição de
escravizados pelas formas e até o cheiro dos pés. Existe também o desejo de se
sentir escravo pelos encantos da parceira. Eles a vêem uma mulher que seduz
sobre seu salto alto, ou mesmo descalça, e que caminha com precisão, tem olhar
e voz firme e que sente prazer em subjugar o seu parceiro, desejando que ele
rasteje atrás dela. A fantasia também envolve o uso de coleiras no pescoço e o escravo(a)
é forçado a andar sempre de joelhos (alguns casos com referências a pet play),
e ainda fazem parte os chicotes e as algemas, tapas e até cusparadas que são
bem vindos para caracterizar a posição de quem domina e quem é dominado.
Conhecendo o que é
BDSM Ligth.
Quando a pessoa possui desejos assim de devota submissão,
não há nada de errado. Porém não é o caso de se denominarem apenas podólatras,
pois na verdade são algo a mais. Tal fantasia já faz parte do jogo erótico
BDSM.
Muitos sentem certo temor quando pensam em BDSM. Pensar no
termo logo traz a ideia de cenas mais radicais de chicoteamento, envolvendo a
dor provocada por acessórios como grampos, cannes, velas, etc., e doutrinas rigorosas
com sessões prolongadas de castigos.
Acontece que dentro do próprio Universo BDSM existem
subdivisões que escalonam os praticantes de acordo com o nível que se dispõem para
uma prática apenas, ou para um conjunto de práticas. E também no jogo BDSM
existem os limites de cada adepto, além da regra rigorosamente seguida do SSC
(são seguro e consensual).
Em linhas gerais, o BDSM completo com direito a tudo que se
pode imaginar seria um BDSM HARD. Já o BDSM LIGHT é dosado de moderações.
Em uma fantasia de “feet slave”, bastando existir a proposta
de humilhação nas cenas, já está caracterizado uma forma de BDSM Light. Se o
escravo está submetido a comer coisas pisadas, a limpar com a língua os pés suados/sujos
e os calçados de quem o domina, ou simplesmente está nu e de coleira
portando-se como serviçal agradando e cuidando dos pés de sua Deusa/Rainha,
todas as exemplificações criam um jogo de domínio e submissão. No BDSM Ligth
não precisa necessariamente existir punições, com castigos físicos e uso de
chicotes, embora muitos dos adeptos do Feet Slave gostem sim de receber
açoitadas e tapas com as mãos ou com a sola dos pés em seu rosto. Gostam de
receber chutes, inclusive nos genitais, e desejam e se submetem as humilhações
diversas, sempre estando aos pés de sua endeusada.
Ao se depararem com essa complexidade de desejos dos homens
podólatras e escravos, nem todas as mulheres reagem de forma receptiva. É
preciso entender e respeitar o limite de cada uma. Por mais que na cabeça do
homem que deseja ser escravo, a intenção seja de proporcionar a parceira a sensação do
“conforto de Rainha”, não é toda pessoa que se sente bem na posição de subjugar
outra. A posição de mulher dominadora é bastante desgastante, pois envolve o preparo
e controle de tudo o que se intenciona que aconteça, e ainda prezando por
cuidados para possíveis riscos que podem ocorrer. Ao pisar com salto em alguém
as chances de acidentes indesejados são bastante. Forçar a ingestão de comidas
junto com sujeira pisada no chão não é uma prática das mais aprazíveis de se observar se a pessoa não tiver interesse por vivências desse nível. Assim como tratar
alguém como cachorro, mantendo-o de quatro e exercendo controle de forma autoritária a todo tempo, por
mais que seja pelo benefício de se sentir imensamente poderosa, não é simples. Uma
mulher que domina precisa antes de qualquer coisa se identificar com a posição
de dominadora e ter disposição para dar ordens e propor humilhações. Daí sim
tais cenas também vão agradar a ela, assim como agradam imensamente o escravo de
pés que por mais baixo que rasteje, estará se sentindo nas alturas.
É por isso que muitas mulheres “Feets” – e que não são e nem
desejam se tornar Dominadoras - geralmente se assustam com as propostas dos
escravos que a todo tempo lotam o inbox de seus perfis, fazendo verdadeiras declarações
de servidão eterna em busca do ideal da mulher que, além de ter lindos pés,
seja impiedosamente cruel.
A fantasia do escravo
de pés é mais comum do que se pensa.
A internet está difundindo uma informação real e bastante
antiga sobre o fetiche que os homens sentem pelos pés femininos. E junto dessa
informação está se revelando cada vez mais a quantidade dos homens que se
identificam com a submissão aos pés. No mundo todo (em diversos países) sites
adultos que trabalham com fotos e videos eróticos conseguem muito mais público
vendendo o conceito de homens escravos de pés, do que apenas homens que
idolatram pés. A figura da mulher dominadora que obriga o homem a beijar seus
pés, os colocando em condições de inferioridade é um dos apelos mais procurados
nos sites que comercializam videos para download ou stream e exploram esse tema
em todas as suas variações. A produção dos videos em geral ocorre com mulheres
modelos, muito bonitas, contratadas para interagir com clientes reais que pagam
parte da produção e autorizam a produtora a vender o filme. Nestas produções as
mulheres interpretam ou o papel da dominatrix, ou da mulher comum, com perfil
de esnobe e que tem um ou vários escravos a seu serviço só para lamberem os seus
pés e o de suas amigas. A quantidade desses videos que circulam na rede é bastante
alta, mesmo em sites de pornografia tradicional, os de dominação com os pés
estão entre os mais acessados.
Clique para ver o acervo completo de fotos e videos de pés.
De onde vem esse
desejo?
Homens e Mulheres
fantasiam, às vezes sem perceber.
Tanto para homens quanto para mulheres é difícil lidar com o
gosto em assumir a fantasia de ser escravo de pés, ou ter um escravo de pés.
Muitos homens crescem com esse desejo incontrolável dentro de si admirando os
pés das colegas da escola, das professoras, depois mais adultos embarcam em
fantasias com a gerente do banco e das secretárias. Nessas fantasias o que eles
mais desejam é que por iniciativa das mulheres, elas os joguem no chão, os
tratem como capachos e os obriguem a cheirar e lamber seus pés.
Em fantasia tudo funciona muito bem, o homem consome seus
próprios pensamentos, mais os inúmeros videos espalhados pela internet, e se
alivia na masturbação. Mas e quando vem o desejo de transformar isso em
realidade? Como se apresentar em paqueras para as garotas, contando todos esses
detalhes e desejos, em uma sociedade conservadora onde o que predomina é a
ideia do homem – sempre por cima - protetor da família?
E no caso das mulheres que se identificam com a posição de
querer um homem aos seus pés (não só no contexto romântico, mas também com a
ideia de submissos)? É ainda mais delicado, já que a mesma sociedade insiste no
papel da mulher que obedece ao patriarcado.
A resposta (ou um conselho de resposta) para ambos os casos
é partir da consideração de que “a sociedade” não pode impor o que cada um faz
entre quatro paredes. Tome como exemplo as pessoas que gostam de sexo anal. Um
dos membros do casal apresenta a proposta para o outro membro. Ambos gostam da
ideia, passam a praticar o ato em sua intimidade e isso se torna uma
particularidade deles sem ter de dar explicações a mais ninguém. Gostar de ser
escravo de pés, com jogos de BDSM leves ou pesados é um outro exemplo desta
mesma particularidade. Assumir um gosto excêntrico é sempre um processo
complexo, mas não um desafio que deva causar medo. “Conservadorismo” é uma
imposição moral - defendida por alguns - mas no mundo atual é só mais uma ideologia em luta para se manter aplicável, e que está em queda a cada dia
que passa. Em tempos de internet em que pessoas no mundo inteiro passaram a
liberar suas vontades escrevendo de forma anônima ou criando perfis fakes para
se assumirem e se protegerem, é esse caminho que tem sido o mais recomendado seguir, desde que suas intenções sejam positivas. Então
opte por esse caminho, ou vá em frente com a cara e coragem, mas vá. Ambos os
personagens dessa fantasia (a Rainha e o escravo) existem sim e estão por aí. Assuma
o seu próprio gosto, defenda o que te faz bem! Faça uma proposta ao parceiro(a)
e deixe que a conseqüência transcorra como tiver que ser. Desejos saudáveis existem
para serem realizados. Sem tentar, não se obtém respostas.
Lembrando que o respeito sempre deve ser fundamental. Tanto
em abordagens quanto em relações. Quando você está com alguém que não respeita
a sua forma de pensar e atingir prazer, a ligação entre os envolvidos tende a
ser decepcionante a médio/longo prazo.
"Tudo era
apenas uma brincadeira e foi crescendo,
me absorvendo.
E de repente
eu me vi assim
completamente seu.
Vi a minha
força amarrada no seu passo".
Trecho da música Sonhos .
Ainda é válido acrescentar as influências a que
todos estão submetidos como: questões culturais de “disputa” entre gêneros; e
também um pouco da ideia básica de feminismo (sem adentrar nas questões
complexas que o termo carrega hoje em dia). Considere uma situação de
“revanche” feminina e perceberá que existe sim na mulher uma vontade, ainda que
singela, de fazer um homem se curvar diante dela. Evidente que isso não é um
conceito apto para todas as mulheres, mas em uma boa parte sim. Desde situações
na escola, quando o time dos meninos joga contra o time das meninas e este
sempre está em desvantagem, até os desafios da adolescência e vida adulta em
demonstrar desenvoltura de sedução para conquistar parceiros. As mulheres
naturalmente possuem o desejo de saírem vitoriosas na situação, portanto,
alcançar o momento que enfim o homem se entrega, se ajoelha e beija seus pés carrega
uma simbologia conotativa de “vencedoras Vs. derrotados”.
É desses mesmos conceitos sociais e joguinhos da
infância (fase do desenvolvimento da puberdade) que o desejo da submissão
também desperta em homens com a fantasia de submissão. Vide como exemplo uma
brincadeira clássica: Polícia e Ladrão, meninas contra meninos. Além de
explorar dinâmicas de sabedoria e agilidade exaltando quem é capaz de fugir e
se esconder melhor, ou quem é mais rápido em correr, o momento da captura é um
prato cheio para um garoto com indícios de “servilismo” começar a desenvolver
sua fantasia submissa. E o mesmo vale para a garota, se esta tiver indícios de
“autoritarismo”. O grupo de garotas captura e amarra o garoto. Ele fica na área
delimitada como cadeia e espera por ser salvo. Ele pode tentar fugir, mas
outras garotas policiais estão a lhe vigiar. Ele implora. Elas dizem: “Para
sair vai ter que pagar a prenda... beijar nossos pés”. #quemnunca?
Inibição em falar
sobre o tema, abre brecha para o comércio da fantasia.
Mas enquanto muitos desejosos por essa fantasia não se
decidem em ir adiante e falar mais de suas vontades, o comércio de sessões
pagas é que tem se mantido em alta. É a saída mais fácil e imediata para se
resolver “o tesão” - o homem paga para se saciar e não deve explicações a
ninguém.
Sem ter essa explicação que os próprios homens (desprendidos
de receios) poderiam conversar com suas companheiras, muitas mulheres sequer tomam
conhecimento dessa tara masculina. Algumas ouvem falar, mas julgam a fantasia
de forma errada, pois às vezes se limitam e criticam sem sequer buscarem mais
informações. Tem também as que até gostam da ideia só que na hora de interagir
com parceiros ficam inibidas em competir com o conceito (INFELIZMENTE PROPAGADO
DE FORMA DESCUIDADA) por àquelas que “cobram” pelo serviço, fazendo parecer que
este tipo de fantasia podólatra é tida como fetiche de má impressão e vulgar, vendendo uma parte
de corpo (pés), atrelada a norma de “fazer o que o cliente quer”.
É exatamente a falta de mulheres despertando e assumindo
gosto pelo assunto, abraçando a ideia de se tornarem as mulheres fatais
desejadas da cabeça aos pés, que contribui para que “tantas outras” explorem a
situação.
As “sessões pagas de podolatria” estão se tornando cada vez
mais populares, principalmente em plataformas de redes sociais onde grande
parte dos fetichistas estão presentes. E mais uma vez vale dizer que isso é uma
ocorrência mundial. Em diversos países, muitas mulheres descobriram o ambiente
das sessões de podolatria como fonte de renda, já que o procedimento é (erroneamente) julgado como simplório e demanda apenas de um esforço em ter pés atrativos e algum mínimo de
talento para fingir que a situação de ter alguém lambendo seus pés lhe é
agradável. Já os homens que procuram por esse tipo de situação – ao pagarem -
estão no seu direito de se saciarem. E a fórmula é bem básica: Quem compra,
leva; Quem paga, determina.
Não se deve comparar uma sessão de podolatria com uma sessão
de BDSM - realizada por Dominadoras Profissionais e que estabelecem outro nível
de patamar no envolvimento com seus clientes. Em sessões de BDSM o que está em
jogo (dentre tantas coisas) é uma série de procedimentos com uso de acessórios
reais de flagelação e aprisionamento, interferência aos limites fiscos e psicológicos
dos envolvidos e que carecem de instrução e sapiência antes de praticados.
Já nas sessões básicas e pagas de podolatria (ainda que com nuances
do BDSM Light), basta existir a interpretação do papel da mulher poderosa que
quer humilhar o seu escravo. A princípio é uma dinâmica muito simples e comum,
fácil de ser obtida como referência em novelas, cinema e até personagens de
desenho animado. Só que é preciso se atentar ao fato de tais sessões com
escravos beijando e lambendo pés de mulheres, em geral culminarem no cliente se
masturbando. Ou seja, é uma situação erótica e sexual onde a relação é comercial e a submissão do homem
é uma FANTASIA de momento, não uma regra de comportamento. Lidar com essa obviedade é
lidar com diferentes tipos de clientela e aí cabe a cada anunciante descobrir
por conta própria os riscos de se aventurar nessa prática com desconhecidos.