by doug dink
Tem vezes que é bem tedioso ficar repetindo e defendendo a simples aceitação do fetiche podolatria como uma prática comum, gostosa e incrivelmente saudável para as relações entre casais.
Na verdade, a melancolia está na constatação de que: aquela que se diz “sociedade moderna” ainda é cheia de preconceitos e está muito distante do dia em que será formada por pessoas que sabem se desprender de tabus incoerentes, e pessoas que possuem a mente aberta para a convivência harmoniosa e respeitosa entre “as partes” diferente de um mesmo todo.
Também acho que estender por mais de dois parágrafos esse assunto de “defesa pelo fetiche” vai atribuir ao texto o mesmo tom de chatice que estou acusando, e é por isso que já estou encerrando a introdução dessa pauta.
A coisa toda é bem simples!
Ser podólatra é legal. É privilégio, inclusive, pois dá ao praticante uma opção de diversão e prazer visual no dia-a-dia, paquerando pés (ou parte deles) em sandálias, chinelos, fotos de revista, na rua, na escola, no trabalho...
Um bundólatra por exemplo, não tem essa chance. Seu prazer de “comer com os olhos” se encerra na costura de uma calça, ou no pano de uma saia.
A podolatria também é privilégio porque torna você um cara especial numa transa. Um cara que curte um bom tempo de preliminares e que sabe lisonjear uma mulher começando por adorar seus pés!!! UAU!
É fato, que existem casos extremos. Mas aí a questão é outra. A patologia existe quando a balança entre tara e vontade não anda lá bem ajustada. E isso se aplica a todo e qualquer fetiche ou conduta, seja ela erótica, metódica, psicótica, viciosa, paranóica, etc.
Tá vendo? É só tentar “se explicar” com termos técnicos que o assunto já cansa. E eis que achamos o X da questão. Falar de fetiche erótico é e sempre deverá ser tão bom quanto falar a vontade de sexo, pois um é parte primordial de outro. A explicação que nunca vou me cansar de repetir para curiosos e desavisados é: podolatria é diversão garantida para o prazer com uma série de zonas extras promovendo muito mais excitação*. (*reflexologia e do in, podem explicar melhor, vá ler sobre!)
Qualquer outra atribuição malfadada que se dá ao fetiche e aos seus praticantes é carente de um conhecimento adequado. Falar que é parafilia sem esmiuçar as condições notóriamente excitantes de uma cena podólatra é preguiça, em geral de jornalistas com formação suspeita - e pior ainda - rotular uma adoração aos pés com termos " bizarro" e "nojice" é ignorância pura.
Recentemente está em pauta a notícia do “podólatra que ameaçou a jornalista”. Aconteceu com a repórter funcionária de uma afiliada do SBT, no sul do país. Ela passou a receber bilhetes anônimos elogiando seu programa e seus pés. Os bilhetes ficaram mais constantes, exigindo um retorno de atenção e pedindo que a repórter exibisse mais os seus pés com a ordem de que as unhas estivessem pintadas à francesinha. Quando um dos bilhetes trouxe a mensagem de ameaça, a emissora preferiu afastar a repórter e a polícia foi acionada.
É preciso dizer com certo ALARDE que se trata de um caso atípico envolvendo o universo da podolatria. Também vamos deixar bem evidente que notícias sobre maníacos que criam obsessões, elegem musas de adoração e às vezes conduzem seu apreço para desfechos de fanatismo com atos condecorados de violência são corriqueiras no mundo todo, e, em geral, a constatação que se tem desses “perseguidores” atrelando suas motivações às condutas eróticas e/ou fetichistas nem sempre é a chave do problema. Ou seja, casos assim podem se originar a qualquer momento, de qualquer pessoa, por qualquer razão. Apontar o fetiche como desvio da postura adequada do facínora é mero detalhe secundário.
Fetiches em geral devem ser encarados como enzimas para uma relação erótica. Pessoas de bem sabem curtir um fetiche dosando perfeitamente o convívio de suas imaginações fantasiosas com suas vidas reais.
Agora, o fetiche quando somado a perfis de atitudes agressivas e ameaçadoras, em hipótese alguma pode discriminar todo um grupo de adeptos de forma generalizada. São casos isolados, que complementam, ou não, constatações graves de desvios psiquiátricos.
Mas para finalizar, volto a falar sobre demais manchetes de podolatria que carregam consigo as citações nos boletins de ocorrência, lembrando alguns casos que chegam a ser criativos e apesar de invasivos, nem sempre dá para considerá-los ameaçadores. Por exemplo, em Washington, um estudante de psicologia circulou pela universidade dizendo que fazia um estudo para leitura de pés, assim como se faz com a leitura das mãos. Durante 5 anos ele abordou suas colegas em seus dormitórios ou na biblioteca do campus, tocava nos pés de inúmeras delas, alegando sua pesquisa, até que foi denunciado, foi detido e confessou que nunca existiu o tal trabalho acadêmico.
Já em Paris, (recentemente, 2011) um homem de 42 anos iniciou uma tática de abordagem curiosa. Ele aguardava na estação de trem as moças que chegavam atrasadas e acabavam perdendo o último trem do dia. Então ele se aproximava e oferecia sua casa, com quarto e cama para que a viajante pudesse aguardar o trem do dia seguinte. Antes de dormirem ele iniciava sua conversa sobre ser um massagista admirador de pés e não demorava em massagear e beijar os pés de suas hóspedes, chegando até a iniciar sessões de masturbação (footjob) com o consentimento delas. No dia seguinte ele retornava as moças para a estação e tudo acabava bem. No entanto algumas moças o denunciaram e a coincidência das histórias gerou abertura de inquérito e o homem teve de apresentar testes psicológicos junto com sua defesa.
Aqui no Brasil, tem também a história do ladrão que andou invadindo casa de moças solteiras para roubar, mas junto ao delito aproveitava para amarrar suas vítimas e chupar seus dedos dos pés antes de fugir.
Por fim, não recomendo a nenhum podólatra a idéia de avançar etapas desesperadamente, ou promover situações constrangedoras para saciar seu desejo em ver, tocar ou beijar um pé. Ao abordar garotas, amigas ou pretendentes a futuras namoradas, o bom diálogo é a melhor pedida, assim como fazemos antes de dar um beijo na boca. Repito: a coisa toda é bem simples! É certo que, vivendo em sociedade, com a cabeça no lugar, fazer qualquer ato sem o consentimento da outra parte nunca irá gerar bons frutos, ou melhor dizendo, nunca vai dar pé.
by doug dink